Quais os principais desafios da radiodifusão na era digital?

A transformação digital está diretamente associada à otimização dos fluxos de informação ao redor do mundo. Nos últimos anos, ela tem modificado sistemas, pensamentos, ferramentas, comportamentos e formas de consumo. Diante desse cenário, a radiodifusão precisou se adaptar e passar por importantes transformações.

Mais precisamente no Brasil, as emissoras em geral têm buscado alternativas para ampliar a receita com auxílio de novas tecnologias e alcançar o público, acostumado a interagir, utilizando diferentes canais, como a internet (transmissões ao vivo pelo YouTube) e aplicativos para smartphones.

Contudo, como mostraremos neste artigo, os obstáculos para a reconsolidação do rádio ainda são grandes e demandam tempo para serem superados. A fim de elucidar melhor a questão, listamos alguns dos principais desafios da radiodifusão na era digital. Acompanhe!

Atualizações legislativas da radiodifusão

No Brasil, existem leis específicas para regulamentar a radiodifusão. Elas são importantes para definir o tipo de conteúdo que pode ser veiculado, o processo de concessão pública de espaços de comunicação, os requisitos de qualidade, entre outros itens relevantes.

Porém, em março de 2017, foi sancionado o Novo Marco Regulatório da Radiodifusão com o objetivo de desburocratizar e, assim, simplificar os processos de renovação e transferência de outorgas das emissoras de rádio e TV.

Os gestores de rádios, inclusive comunitárias, precisam estar sempre atentos a essas mudanças na legislação para evitar problemas judiciais e sempre adotar as melhores práticas para o bom funcionamento dos meios de comunicação, evitando, por exemplo, interferências.

Concorrência com as novas tecnologias

A transformação digital vivida pelo mercado de comunicação e consumo de conteúdo nos últimos anos gerou um importante desafio para a radiodifusão: o surgimento de novas tecnologias como potentes concorrentes.

Empresas privadas e transnacionais de comunicação, como as redes sociais, aplicativos e os próprios smartphones têm ocupado um lugar de destaque na vida dos consumidores. Desse modo, o setor de radiodifusão precisa trabalhar estrategicamente para manter a sua audiência e o posicionamento no mercado.

Uma das alternativas viáveis para superar esse desafio é a própria integração com essas tecnologias. Soluções para que a adaptação aconteça estão sendo estudadas pelo governo com participação de radiodifusores de todo o país, porém, ainda não há propostas nesse sentido.

Investimento em recursos de infraestrutura

Para se adaptar a esse novo cenário tecnológico, as emissoras de rádio e TV precisam investir em itens de infraestrutura, tais como a aquisição de equipamentos adequados — desenvolvidos com base nas novas tecnologias — e ferramentas que auxiliem no processo de modernização.

Sendo a nova ordem investir no digital, a prática de radiodifusão requer meios para a digitalização dos conteúdos, pois hoje consumidos a partir de várias plataformas da web. Além disso, a internet se tornou uma ferramenta cada vez mais necessária para o crescimento das empresas nesse novo cenário mercadológico.

A boa notícia é que a digitalização do rádio vem acontecendo há um tempo em outros países, como os Estados Unidos e a Noruega (o primeiro país a encerrar o sinal de rádio analógico). Isso significa que a indústria já fornece aparelhos transmissores com essa capacidade.

Falta de pessoal qualificado no ramo

Outra dificuldade da radiodifusão nos tempos modernos: a qualificação dos profissionais do setor. Evidentemente, como estamos falando da era digital, a capacitação está atrelada não somente às áreas ligadas à Radiodifusão (engenharia, gestão etc.), mas também à Tecnologia da Informação (TI).

Por sua vez, o mercado brasileiro de TI sofre escassez de profissionais qualificados, ou seja, tem um gapque dificulta o desenvolvimento de soluções de software e inovação por parte das empresas. Entre as piores consequências disso estão o alto custo de um programa especificamente projetado para o rádio e a falta de variedade.

Além desses especialistas, os próprios engenheiros de transmissão de rádio e TV também geram preocupação, pois trata-se de uma área que forma poucos profissionais diante da potencial demanda que a radiodifusão tende a apresentar ao longo dos próximos anos.

Geração de receita no mundo digital

Um dos maiores desafios para a radiodifusão é a exploração de novas receitas oriundas da esfera digital. Algumas poucas rádios norte-americanas, por exemplo, vêm conseguindo sucesso — embora não consolidado — com iniciativas de marketing, mas as estratégias digitais são planejadas e aplicadas por especialistas de indústrias fora da rádio.

Felizmente, o marketing digital é uma prática que tende a ser bastante eficaz para as rádios, visto que ele permite trabalhar de maneira segmentada e, com as ferramentas certas, é fácil mensurar vários aspectos relevantes, como: engajamento da audiência, cliques em anúncios, quantidade de ouvintes, entre outros.

Considerando que tudo ainda é uma novidade para a radiodifusão, o gestor pode optar por serviços de consultoria e ações de marketing oferecidos por agências especializadas a fim de contar com profissionais qualificados e acostumados a trabalhar focando resultados.

Comportamento das novas gerações

Até o passado recente, o rádio era um dos principais meios de comunicação do brasileiro devido a diversos fatores. Algumas atitudes comuns eram:

  • sintonizar uma estação em vez de montar playlists longas, visto que a tarefa era muito trabalhosa antes da chegada do formato mp3;
  • gravar as músicas prediletas na boa e velha fita cassete;
  • acompanhar jornadas esportivas;
  • ficar atento a notícias em tempo real quando distante da TV;
  • consumir conteúdos de áudio remotamente.

Fato é que muitos desses hábitos já não fazem parte da rotina das gerações mais novas. A digitalização dos canais de mídia, além de recursos como a internet, jogos eletrônicos e smartphones são os principais responsáveis por essa transformação, pois oferecem muito mais praticidade a seres imediatistas.

Para a radiodifusão conquistar esse público, mantendo esses canais populares e relevantes, é preciso investir em estratégias de convergência, interatividade e mobilidade dos dispositivos de comunicação, indo muito além das emissoras de rádio tradicionais.

Em suma, os desafios da radiodifusão na era digital se resumem a três tipos de adaptações: ao público jovem, à tecnologia moderna e aos mecanismos de captação de receitas. Portanto, é crucial que o gestor de rádio e a sua equipe se atualizem e estudem o mercado para conseguirem prosperar na área.

Ainda tem dúvidas sobre o rádio digital? Confira esta publicação na qual apresentamos o panorama do rádio no mundo virtual.

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Sobre o autor

Bruno Faria

Publicitário por formação, atua no setor de Marketing da Teletronix, uma empresa desde 1996 no mercado de radiodifusão, produzindo equipamentos para emissoras de rádio e TV.

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